Mimo Ciência

8 maio

Trabalho de pesquisadores do MIMO é selecionado para o ALAIC

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O artigo “O poder da roupa na afirmação de identidade de pessoas transgêneras”, de autoria de Adriano Rodrigues e Rafael Lopes, pesquisadores do MIMO (Grupo de Pesquisa Mídia, Moda e Linguagens – UFAM/CNPq), foi selecionado para ser apresentado no grupo temático “Comunicação, Gênero e Preconceito”, no Seminário Alaic Cone Sul 2017. O evento organizado pela Associação Latinoamericana de Investigadores da Comunicação acontece em Goiânia, nos dias 22 e 23 de maio, na Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás. A pesquisa de Rodrigues (mestrando em Ciências da Comunicação) e Lopes (doutorando em Sociedade e Cultura) demonstra que apesar do avanço sociocultural e da abertura para discussões sobre sexualidade e relações de gênero, sobretudo nas últimas três décadas, vivemos em uma sociedade extremamente rígida em relação aos padrões de vestuário, que estigmatiza quem ousa ultrapassar as fronteiras impostas pelo sistema binário heteronormativo. Essa configuração acaba afetando principalmente às sistemáticas socioculturais das pessoas que transgridem às normas padrões de identidade de gênero. O trabalho propõe uma reflexão ecossistêmica entre moda, mídia e transgenia, a partir de aportes teóricos da psicanálise, biologia, sociologia, antropologia e comunicação, discutindo a problemática de que o corpo físico com o qual uma pessoa nasce nem sempre corresponde às suas inclinações de personalidade, bem como aos sentimentos ligados a sua identidade e suas expressões. O trabalho de campo foi realizado em Manaus, em fevereiro deste ano, com entrevistas e registros fotográficos com um grupo formado por cinco pessoas transgêneras de 18 e 40 anos que aceitaram participar da pesquisa contribuindo para a diminuição do preconceito social e também como uma forma de exercer o direito cidadão de liberdade de expressão.

LINGUAGENS E EXPRESSÕES

3 maio

A força audiovisual do interior: grupo de Tefé prova que é possível fazer filmes interessantes com baixo orçamento

 por Rafael Lopes

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A cultura digital permitiu novos arranjos para a produção audiovisual, com inúmeras redes de criação e consumo. Essa configuração está transformando a percepção, a prática de realização e a relação com os produtos fílmicos. Atualmente, em função das inúmeras possibilidades da internet e dos equipamentos digitais de captação e edição de imagens, a produção e disseminação de filmes alternativos aos modelos hegemônicos é muito mais fácil e abrangente, independente do lugar físico em que seus realizadores estejam inseridos espacialmente. Os sujeitos não são apenas consumidores são agentes, produtores e difusores de conteúdos, pois a comunicação é marcada pela conectividade, mobilidade e ubiquidade.

Em outra postagem, no Blog do MIMO, já mostramos um breve panorama do audiovisual no Amazonas e suas transformações a partir do contexto cibercultural. Hoje vamos nos aproximar ainda mais desta temática ao compartilharmos o exemplo da Associação Comunitária Fogo Consumidor Filmes, do município de Tefé. O grupo é uma prova de que com criatividade, boa vontade e espírito de equipe, é possível fazer filmes interessantes, com baixo orçamento no interior da Amazônia, e ainda ganhar o reconhecimento internacional por suas iniciativas.

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O Blog do MIMO entrevistou (via Facebook) o coordenador do grupo, Orange Cavalcante da Silva, 37 anos, natural de Tefé, que por meio de uma bolsa estudou cinema na Argentina e depois voltou à cidade para desenvolver seus projetos audiovisuais e ministrar oficinas de produção de filmes de baixo orçamento. Em pouco mais de seis anos de atuação a Associação já produziu 21 filmes, entre longas-metragens e curtas de ficção e documentário.

MIMO – Como surgiu a ideia de criar a Associação?

ORANGE – O Grupo Fogo Consumidor (hoje em dia Associação), iniciou-se no final do ano de 2010 e início de 2011 na cidade de Tefé, através de um projeto audiovisual chamado “Eles Não podem Gritar”, que fazia parte de um trabalho de tese (TCC de conclusão de curso na Argentina). Este trabalho gerou curiosidade entre os jovens e adolescentes da região e que de imediatamente de aproximarem e logo se integraram ao projeto, a partir desse momento dava início a Associação, mas foi somente no ano de 2012 que foi registrada como associação civil.

MIMO – Quais são os objetivos da Associação?

ORANGE – É uma associação sem fins lucrativos que vem utilizando o cinema como uma ferramenta de inclusão, de reconstrução de conhecimentos, tirando assim muitos jovens e adolescentes do seu estado de vulnerabilidade, aumentando sua autoestima, oferecendo a oportunidade de mostrarem que são capazes de criar, inventar, de serem artistas não importando o lugar onde vivam. Entretanto a finalidade não é formação de artistas mas de ampliar seus horizontes, desenvolvendo a capacidade observadora e criadora, a imaginação e o pensamento. Se trata de desenvolver a percepção para que possam ter uma visão crítica da realidade.

MIMO – Como a comunidade é convidada a participar das atividades?

ORANGE – A participação da comunidade consiste em duas fases, a primeira na própria produção em si, de forma direta e indireta, existe uma participação da comunidade tanto ligada ao espaço físico onde sucede as diversas produções e também como atores sociais dentro da própria produção. A segunda fase é durante as mostras realizadas nos diversos bairros da cidade de Tefé onde a população interage de forma participativa contribuindo ao fortalecimento da relação da sociedade urbana com a rural através dos trabalhos audiovisuais realizados.

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MIMO – De onde vem os recursos para a realização dos projetos? São apoiados por algum tipo de instituição (governamental, religiosa, ONGs, etc) e como funciona a parceria?

ORANGE – Infelizmente a associação não possui nenhum tipo de financiamento ou parceria, todos os recursos para a realização dos trabalhos realizados são de ajuda dos próprios integrantes. Toda a equipe se ajuda: alguém traz a farinha, outro o peixe, um integrante tem um motorzinho para o transporte e assim sucessivamente. Apesar de todo problema com a falta de apoio, gera o espirito do trabalho coletivo entre todos, a ajuda mútua.

MIMO – Como é o processo de capacitação técnica e do pensar cinematográfico? A formação e preparação de elencos?

ORANGE – Todos os processos de capacitação são através de oficinas, essas oficinas são realizadas dentro de escolas, geralmente as escolas cedem uma sala de aula para que se possa realizar essa oficina, vale ressaltar aqui, que em determinadas ocasiões temos recebido apoio de algumas escolas. Dentro dessas oficinas os participantes recebem uma base teórica/pratica sobre linguagem audiovisual e geralmente no final de cada curso, como conclusão, cada grupo realiza um trabalho prático. Em cada aula, se desenvolve obstáculos epistemológicos concretos que funcionam como disparadores de exercícios e reflexões sobre o audiovisual. Por outro lado também trabalhamos com revisão de conceitos teóricos em função da participação e comunicação com os participantes, evitando a exposição fechada de conceitos que resultem distantes da realidade de cada participante.

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MIMO – Como escolhem quem ficará com as funções mais técnicas e de produção e que vai atuar?

ORANGE – Um dos conteúdos realizados durante as oficinas está relacionado com a produção, sobre as diferentes funções da equipe técnica e durante essa classe geralmente os participantes se identificam com alguma e a partir de então, de forma democrática se divide as funções, geralmente a maioria quer fazer parte do elenco.

MIMO – Como escolhem as temáticas que serão abordadas nos filmes? Os roteiros são colaborativos? Ou alguém escreve?

ORANGE – Os roteiros surgem de forma coletiva e muitas vezes se aproveita muito das ideias que surgem durante as oficinas. Geralmente procuramos desenvolver um produto que consista em uma realização audiovisual que represente e identifique nossa cultura, a realidade de cada participante através de uma história que eles queiram contar, levando sempre em conta sua subjetividade e identidades.

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MIMO – Como produzem a cenografia, figurinos, direção de arte objetos de cena, iluminação e direção de fotografia, maquiagem, produção de trilha sonora, efeitos especiais?

ORANGE – Temos consciência do pouco recurso que possuímos para realizar um trabalho onde se exige maiores produções como no caso de figurinos e outros efeitos, assim que todas as nossas histórias são simples de ser realizadas e produzidas, geralmente entre os efeitos produzidos estão relacionados com sangue e hematomas, no qual produzimos o sangue muitas vezes com limão, açaí e urucu e quando temos um pouco mais de orçamento compramos mel ou glicerina e misturamos com colorante vermelho para bolo. Como a maioria das histórias são regionais, então não temos muito problemas com figurinos. Quanto ao equipamento técnico, trabalhamos somente com uma câmera e um microfone e muitas vezes gravamos o som com a própria câmera e para isso usamos diversas técnicas para que o sonido não possa sair contaminado por ruídos de ventos ou outros fatores ambientais, o mesmo sucede com a iluminação, sempre procuramos trabalhar com a luz natural, quase nunca realizamos cenas noturnas justamente para não haver problema com a iluminação.

 MIMO – Após a produção como ocorre a exibição e distribuição dos filmes?

ORANGE – A primeira exibição realizada é para a comunidade local, as segundas são enviadas para festivais e a terceira distribuição são realizados no nosso canal no Youtube “Associação Fogo Consumidor”.

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MIMO – Qual o público de vocês, quem vocês pretendem atingir?

ORANGE – A ideia é sempre alcançar um público massivo, mostrar que no Amazonas existem vozes, mostrar nossas vozes através do cinema. Nossos trabalhos já participaram em vários festivais internacionais na Argentina, Porto Rico, Venezuela, Chile e Espanha.

MIMO – Quantos filmes a Associação já produziu e quais são os mais importantes?

ORANGE – Possuímos um total de 21 trabalhos realizados e cada um tem sua importância porque foram realizados em períodos importante para associação, mas podemos destacar os documentários “O Agricultor do Amazonas” e “Caboclos Ribeirinhos” por possuírem um olhar sublime sobre a nossa região e por sua forma narrativa.

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MIMO – Já ganharam prêmios? Quais e onde?

ORANGE – O primeiro prêmio ganhamos no ano de 2010 com o curta metragem “Meneruá” no “1º Festival de Cinema de Paraíso do Tocantins”; o segundo foi no ano 2011 com o curta “Cara de Anjo” “6º Festival Internacional de Cine Independiente de La Plata-Festifreak” e o terceiro foi no ano 2016 no “II Festival de Cortometrajes para la Educación en la Diversidad” na categoria “Jóvenes Temática Libre”, na cidade de Buenos Aires”.

MIMO – Qual é o reconhecimento que o trabalho de vocês tem fora do Brasil?

ORANGE – Por incrível que pareça temos mais reconhecimento fora do Brasil do que dentro do nosso próprio estado, de todos os trabalhos realizados, todos participaram de festivais internacionais, somente no ano passado participamos de 15 festivais fora do Brasil e com grande recepção do público que recorre a esses festivais.

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MIMO – Tem espaço e mercado para a produção de cinema no interior, ou as atividades servem como um exercício para a formação humanística e cultural?

ORANGE – Esse trabalho está além das leis do mercado porque não se procura lucro, o objetivo principal é a formação e construção de conhecimento do ser humano. Geralmente temos um imaginário das histórias, mitos, relatos e até mesmo da realidade das pessoas que moram no interior, muitas vezes essa forma de pensamento é resultado dos meios massivos de comunicação, de estereótipos construídos por realizadores que vem de outros lugares, então isso gera esses tipos de preconceitos a respeito da vida das pessoas que moram no interior. Através do projeto “Cinema e Identidade”, essas pessoas tem a oportunidade de construir seus próprios relatos sem a interferência de um terceiro, os próprios moradores passam a ser produtores desses trabalhos, passam a ser os protagonistas de suas histórias, passam a ter vozes próprias e isso rompe esse preconceito por parte da sociedade com relação a população do interior.

 

MIMO CIÊNCIA

10 abr

Comunicação & Arte

em perspectiva ecossistêmica e semiótica

por Rafael Lopes

No processo sociocultural as formas de comunicação e significação foram se estabelecendo nas relações ecossistêmicas entre os sujeitos e o meio, pelas possibilidades naturais e materiais do entorno, pelo desenvolvimento cognoscível e pela consciência reflexiva – que se transformaram no tempo e no espaço. Esse transcurso proporcionou a criação de linguagens para organizar o pensamento afetado pelos sentidos. Num lento e complexo processo, acompanhando o nosso trajeto antropológico, foram sendo aprimoradas a qualidade de gestos, sons, palavras, figuras simbólicas, a ativação de memórias, a interação com os semelhantes e com o ambiente.

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Desse modo, foram se organizando diferentes combinações de códigos em linguagens, entre elas a arte. E, na arte, inúmeras linguagens artísticas (pintura, escultura, música, literatura, arquitetura, teatro, dança etc.). Logo, as linguagens artísticas são meios de comunicação e representação articuladas na imbricação de sistemas e, consequentemente, desencadeiam novos processos de representação, ou processos sígnicos, que se processam no pensamento continuamente.

Conforme a semioticista Lucia Santaella, à luz de Charles Sanders Peirce, não há pensamento sem signos, que por sua vez dependem de uma interpretação para existirem, e isso ocorre pela qualidade do sentimento, ação e reação, e mediação. Assim sendo, o ser humano só concebe o mundo porque de alguma forma o representa e, consequentemente, só interpreta tal representação por meio de outra representação (um signo que não é a coisa em si). Um processo que pode ser gerado a partir de imagens mentais ou palpáveis, pelo gestual, por ações, sons, palavras, sentimentos etc.

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Essa concepção pode ser melhor compreendida pela relação triádica da semiótica peirceana, constituída na triangulação signo-objeto-interpretante, ou seja, o signo representa alguma coisa para alguém, criando em sua mente um signo equivalente. Nessa operação, gera-se um interpretante e aquilo que o signo representa é denominado seu objeto. Portanto, o processo representativo caracteriza-se pela inter-relação entre signo-objeto-interpretante, numa cadeia infinita de semiose (a ação do signo).

Para aproximar essa ideia do campo da Arte, podemos voltar aos tempos pregressos, por meio de um exercício arqueológico da história antropológica, sobretudo, pela análise e compreensão de fragmentos do passado que nos foram legados pela perpetuação de registros visuais. Arqueólogos e antropólogos que estudam os vestígios evidenciados nos artefatos e pinturas rupestres de milhares de anos atrás, em sítios arqueológicos espalhados pelo mundo, por meio de estudos científicos conseguem estabelecer possíveis significados e correlações, mas admitem que é praticamente improvável atribuir certezas para um contexto tão complexo. Supõe-se que os registos pré-históricos, feitos antes da invenção da escrita, com a representação discursiva-visual de cenas cotidianas (de caça, guerra, dança, sexualidade etc.) ou simbologias míticas (concepções sobre a vida e a morte, por exemplo), por meio de desenhos ou ilustrações figurativas, manchas ou traços, estavam relacionados à consciência mágica da realidade e finalidades ritualísticas.

Nesse sentido, tais registros (“origens das artes visuais”), além de configurarem-se por processos sensórios-cognitivos, em função da presença humana nos mais diversos ambientes e contextos para sua produção e percepção, constituem-se como um sistema de grande importância do ponto de vista histórico, social, cultural e artístico, estabelecendo um arco espaço-temporal-comunicativo, que conecta desde as pinturas rupestres realizadas por nossos ancestrais aos grafites e pichações da paisagem urbana contemporânea, pois a arte carrega memórias em metamorfose nas suas variadas manifestações.

O tempo e os símbolos que distanciam historicamente as diversas apropriações dos espaços e suportes, podem configurar diferentes significados conforme os momentos evolutivos da espécie humana, além da gama de diferenças culturais e interesses que se expandiram e modificaram-se ao longo dos séculos. Todavia, mantém uma ligação fundamental e universal que é a necessidade de expressão, seja para manifestar a interpretação da experiência vivida ou imaginada, para perpetuar conhecimentos e informações, pela fruição, transgressão ou quaisquer outras possibilidades que se convergem para a vontade/necessidade do homem se comunicar.

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Mediada entre percepções, emoções e ideias, a arte é um dos fenômenos humanos mais complexos no processo de produção de sentidos. É subjetiva e acompanha o nosso “trajeto antropológico”, seguindo a concepção de Gilbert Durand. Como está sempre em transformação não pode ser lida ou compreendida de forma linear. Entretanto, ao abordarmos aspectos dessa complexa atividade humana, tecida por fios da razão e da sensibilidade, da insensatez e da rebeldia, do poder e da alienação, do sacro e do profano, do visível e do invisível, precisamos compreender que as concepções sobre manifestações artísticas, representadas em inúmeras linguagens, ao logo da história da humanidade, foram sofrendo alterações e ressignificações.

No senso comum, expressões como pintura, arquitetura, escultura, paisagismo, moda, design, decoração, teatro, cinema, dança etc., podem ter apenas o objetivo de ser “agradável aos olhos”, proporcionando prazer ou fruição estética. Porém, a potencialidade da arte e da estética é bem mais complexa, na medida em que a estese afeta diferentes níveis perceptíveis e emocionais, extrapolando simplificações sobre o belo ou o feio. Portanto, há um amplo panorama a ser percorrido para compreender que a arte envolve aspectos da dimensão humana (bio-psíquico-espiritual), de contextos históricos e socioculturais, interesses políticos e econômicos, aperfeiçoamentos tecnológicos e mobiliza transformações paradigmáticas. No campo da semiótica, a arte é uma linguagem polissêmica, ou seja, de inúmeras linguagens e manifestações estéticas, que traz características tanto de percepções do mundo físico quanto de nossas elaborações mentais.

É uma ação sígnica mediada, não é mera reprodução ou equivalência do juízo perceptivo, mas uma espécie de tradução conceitual que adquire forma (seja figurativa, simbólica ou abstrata), conteúdo e subjetividades a partir do meio e dos suportes materiais nos quais é representada. A exemplo da gravura, do grafite, da fotografia, da ópera, da dança, do cinema e assim por diante, que apresentam peculiaridades em seus contextos de linguagens, suportes e aparatos técnicos.

No entendimento do filósofo João Paes Loureiro, a história da arte apresenta-se como um grande “mosaico de conversões semióticas”, promovidas por sucessivas transgressões aos padrões vigentes, considerando a metamorfose dos processos e das significações desde a Pré-História, passando pela Antiguidade Clássica, pela Idade Média até chegar aos dias atuais (considerando aqui apenas didaticamente tais divisões históricas, afinal é processo contínuo), pressupondo ciclos cada vez mais rápidos, diversificados e remixados.

Essa conformação assimétrica de mestiçagens, pode ser exemplificada quando no século XX as “Belas Artes” (compreendidas como o ramo erudito da arte) convertem-se em expressões consideradas “banais”, a exemplo do que fez Marcel Duchamp ao transformar objetos do cotidiano (como rodas de bicicleta e urinóis) em obra de arte. Ou o caso de Andy Warhol que deu a arte uma faceta publicitária. Ou nas inúmeras possibilidades das manifestações artísticas de alcance popular, como as performances de rua, a web-vídeo-arte ou o grafite, por exemplo. Assim, na contemporaneidade, marcada pela pluralidade de estilos e multiplicidade de linguagens e códigos, a arte faz parte do cotidiano. Pode ser conceitual ou reproduzida industrialmente, misturando tendências, tecnologias, quebrando hierarquias e até mesmo inserindo-se ao meio ambiente e transformando espaços públicos e privados.

Desse modo, compreender e interpretar a arte e seus fluxos comunicacionais implica em traduzir signos em outros signos, num movimento inter-relacional e ininterrupto do pensamento. Esse fluxo de signos em transformação carrega linguagens artísticas reconfiguradas e ressignificadas no tempo e no espaço. Portanto, a arte é uma forma de comunicação em constante transfiguração, mediada por processos de construções culturais. Percepções, ideias e expressões se organizam, desorganizam e reorganizam, conforme vamos vivendo e remodelando as significações da vida em busca de sentidos à existência.

BBB: É preciso ver com outros olhos!

5 abr

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Por Daiana Gualberto

Olá, leitores!

Há muito tempo estou em dívida com o MIMO. Estou devendo um post sobre Big Brother Brasil (BBB). Acho que chegou o momento de mostrar algumas das minhas observações e reflexões sobre esse programa. Eu sou daquelas pessoas que assiste BBB desde a primeira edição e sigo assistindo, votando, acompanhando o site todos esses anos, inclusive compartilhando desse “vício” com a minha família e amigos. Por que? Eu gosto de analisar as pessoas, refletir sobre as situações, tentar reconhecer quem tem ou não boa índole, descobrir as tendências sociais que são reveladas através dos posicionamentos do público e dos próprios participantes do BBB, enfim, o BBB é um campo de aprendizado sobre comportamento humano e sobre a sociedade, é quase uma pesquisa social com “cobaias” confinadas em um ambiente de alta tensão psíquica. É um jogo social e psicológico.

Esse ano os participantes do BBB foram escolhidos a dedo para representarem importantes parcelas da sociedade: os jovens, adultos, a terceira idade, a pessoa com deficiência, pessoas com visões políticas diferentes, pessoas com diferentes níveis de escolaridade, pessoas com características físicas mais semelhantes aos padrões encontrados na sociedade (dessa vez não escolheram predominantemente os corpos estruturalmente perfeitos, bem malhados e as moças com rostos de boneca). Enfim, os participantes desse ano foram escolhidos para representarem a sociedade como um todo com toda a sua diversidade de aparências, escolhas e formas de pensamento.

Durante a saída da Roberta nós constatamos que uma parcela do público usava as mídias sociais para destilar seu ódio contra a participante atacando as características físicas dela. Opondo-se a isso, essa mesma parcela do público parece tomar as características físicas para defender a permanência de outra sister, a Emilly. Acreditem, já vi muitas pessoas defenderem a sister dizendo “Ela é uma princesa. Ela é linda”, e então idolatram a moça por isso. Esse público acredita que a Emilly é perseguida pelos outros por ser bonita, por ter conquistado o Marcos e por se amar demais. Mas não percebem seus defeitos ou simplesmente passam por cima deles. Afinal, ser “bonita” e “se amar” é o que vale, né gente?

O BBB tem ajudado a quebrar alguns preconceitos, por exemplo, o Pedro causou estranheza no início do programa por usar vestidos, a Marinalva por usar shortinhos/vestidos curtos/biquínis/salto alto e a Roberta por usar biquínis continuando “pleníssima”.

A naturalidade com que o Pedro usava seus vestidos quebrou alguns preconceitos; o participante chegou a ser visto como gay, mas no decorrer do programa ficou claro que a roupa dele não definia sua sexualidade.

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Foto: Reprodução

Marinalva mostrou que não ter uma das pernas e usar prótese não impede ela de usar qualquer tipo de roupa que ela queira, não é o olhar de estranheza que algumas pessoas lhe lançam que irá interferir na ida dela de biquíni para a piscina ou no uso de shortinho no seu dia-a-dia. Marinalva está de parabéns! Não é ela que precisa mudar, são as pessoas que olham com estranheza que precisam saber olhar com outros olhos.

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Foto: Arquivo pessoal

Sobre a Roberta, vejo que ela arrasou nos looks da piscina e em todos os outros da casa, vestida de auto-estima e alegria, sendo plena, é isso que as mulheres “gordinhas” (inclusive eu) precisam vestir. Quando você se sente bem com você mesma, você irradiará beleza e não existirá ninguém capaz de te fazer acreditar que você não é linda.

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Foto: Reprodução

Para finalizar, considerando os últimos acontecimentos da casa mais vigiada do Brasil e, principalmente, o último paredão “Ilmar x Marcos” percebo que é preciso que a gente se vista diariamente de verdade, de respeito pelos outros, honrando o que acreditamos, sendo leais aos amigos e respeitando os nossos adversários, seja no jogo ou na vida. É preciso que a gente se vista de caráter sempre, mesmo que em algumas circunstâncias isso se mostre um desafio (no caso do confinamento). E para nós, enquanto sociedade, é preciso que a gente aprenda a ver com outros olhos, só assim poderemos começar a ver a verdadeira beleza que existe nas pessoas, e essa não é a beleza física.

Abraços!

ARTES CÊNICAS

3 abr

 “PerformanceK” propõe experiências sensoriais 

entre aromas, cores e sabores amazônicos

por Rafael Lopes

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Foto: Divulgação

PerformanceK: BanKêtePerformátiKoAmazôniKo é o título do espetáculo concebido pelo artista Francisco Rider, que entra em cartaz neste mês na capital amazonense. A performance já foi apresentada em 2015 na Mostra Manaus de Artes Visuais e premiado pela Manausclult, mas em sua reedição deve causar ainda mais excitação!

Calma, não se trata exatamente de uma orgia gastronômica de bacantes insanas, mas de uma experiência sensorial, em que aromas, cores e sabores amazônicos serão ingredientes mais do que especiais na relação entre performers e público.

Durante o espetáculo (interativo) os espectadores serão estimulados e degustar diversos pratos da culinária amazônica, como num ritual para aguçar os afetos, a reflexão e os sentidos (tato, paladar, olfato, visão, audição). A performance trabalhará com o princípio de sinestesia a partir da atmosfera que será criada nessa simbiose de elementos.

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Foto: Divulgação

O Blog do MIMO conversou com Francisco Rider, via Facebook, para conhecer um pouco mais dessa proposta contemporânea das artes cênicas em Manaus.

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MIMO – Por que a escolha desta temática e qual a proposta conceitual da performance?

RIDER- Concebi com essa percepção: não tem como nós brasileiros não percebermos tantas cores, cheiros e sabores ao redor. Cheiros de podridão, mas, também, de prazeres e delícias. O brasileiro gosta dessa experiência sensorial no dia a dia. Isso é fato e não uma percepção estereotipada do sujeito brasileiro. Por exemplo, você vai ao Mercado Ver o Peso, em Belém, ou no Mercado Adolpho Lisboa, na cidade de Manaus e o cheiro é muito forte, de ojeriza e de prazer, que nos impregna e modifica nossa energia positivamente, ou não, depende da experiência vivida nesses ambientes. Eu, por exemplo, visito o mercado pra me alimentar disso. Então, Arte pra mim está impregnada da Vida cotidiana. Enquanto Duchamp escolheu um urinol, objeto do cotidiano industrializado, que remete a cheiros fétidos, eu prefiro artefatos orgânicos que remetam a cheiros palatáveis (rs). Ou seja, nossos readymades são orgânicos, não estão prontos, são processuais. Afinal, somos de uma cultura solar, da esculhambação, da festa, das cores, do melodramático, do lúdico, dionisíaco e não apolíneo. Como vivi 10 anos num país protestante que é os EUA, mesmo vivendo numa cidade como Nova York, essa vivência nessa cultura anglo-saxônica, me deu certo distanciamento pra perceber essa energia dionisíaca que é a cultura brasileira, pois, somos África, Etnias Indígenas, mas também árabe, oriental nipônica, mesclado com a cultura europeia. Quanto à proposta conceitual ela está impregnada disso tudo: o comer com as mãos, as chitas com suas super-cores, a degustação em silêncio, as trocas de alimentos com o outro sem precisar da comunicação oral, pois a comunicação é a nível sensorial, enfim, um ritual performativo contemporâneo em diálogo com certos procedimentos do comer dessas culturas que eu elenquei, mas, com foco na gastronomia amazônica. Por que a Chita/Tecido/Pele no nosso Bankête, nos nossos corpos? Quando criança, em Manaus, ouvi muito as pessoas dizerem que usar chita era brega…era tecido pra pobre…era roupa pra gente do ‘interior”…Enfim, visões limitadas e preconceituosas sobre uma pele/tecido tão brasilidades que é a chita/tecido/pele. Mas, por que a Chita? Porque nos alimenta de memórias sensórias de um Brasil que provoca um diálogo entre a tradição e o contemporâneo. Nos remete às mesas de comer dos flutuantes de Manaus, nos faz lembrar Amazônia urbana, ribeirinha e dos barrancos, nos invade o corpo de cores fortes cheiros e sensações, nos faz ouvir radinho de pilha, nos faz dançar Teixeira de Manaus.

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Foto: Divulgação

MIMO – Além de você, que já tem uma carreira consolidada entre Manaus, Rio, São Paulo e Nova Iorque, a performance traz outros artistas. Quem são eles, como o grupo foi formado e como foi o processo criativo?

RIDER – Essa questão de ter uma carreira consolidada é muito ilusória, pois, depende muito do momento. Nós artistas temos nossos momentos, digamos, gloriosos e também de fracassos. Fracasso faz parte do processo. E sucesso pra mim tem relação com o respeito que você tem da sua comunidade, da sua categoria. É local e contextual, e não globalizante. No meu caso o que me consolidou, e é um contínuo da prática do fazer arte dia a dia, foi ter passado de 1980, ano em que iniciei meu contato com a arte, até agora 2017, produzindo e envolvido com o ofício artístico, seja em Manaus, São Paulo e Nova York. Os artistas envolvidos na primeira realização da performance, feita especialmente para a I Mostra Manaus de Artes Visuais, em 2015, são jovens artistas que tive um primeiro contato na Residência Jovens Criadores. Projeto em que fui convidado pra ministrar uma oficina de processos criativos em 2015. São eles: Christianne Santos , Leonardo Scantbelruy, Tainá Lima, com exceção do Diego Batista que é um jovem artista, digamos, com uma formação prática de trabalhar com grupos de artes cênicas, como o Vitória Régia.


MIMO – Você acredita que essa linguagem contemporânea ainda cause estranheza em Manaus ou o público local está aberto para propostas artísticas fora do convencional?

RIDER – Acho que faltam sim vivências e falta muito o acesso à arte contemporânea. Não se pode dizer que o público “não entende” ou que a arte contemporânea é “hermética por si só”. Pois, existem artes e artes. A que comunica, a nível sensorial e/ou imagético é a que “bate” forte no espectador. Pra mim é um grande equívoco achar que há público específico pra arte. O que existe é uma lacuna no que diz respeito ao acesso à arte contemporânea. Assim, causando estranhamento. Ou seja, a recepção de uma obra de arte depende muito de como esse olhar/recepção é desenvolvido  desde a infância. Temos que estimular isso na criança. Levá-la a olhar pra outras percepções e estéticas, pois, do contrário, teremos adultos analfabetos apreciadores de obra de arte. Não precisa ter nível superior pra ter uma sensibilidade aguçada pra arte contemporânea, mas sim ter o contato com ela e se impregnar de suas complexidades conceituais. Tenho apresentado minhas obras cênicas corporais visuais em vários contextos, algumas com um conceito complexo, porém, independe do sujeito, pois, até pessoas do meio artístico ainda têm uma limitação na leitura/recepção. Ou seja, sensibilidade, percepção e leitura de um texto (escrito ou imagético) tem relação com o contato e acesso desde a infância. Não vai ser na universidade que o sujeito encontrará isso (rs). Pois, quando ele chegar lá, ele já vem impregnado com essa limitação de leitura de um texto.


MIMO – Qual a dinâmica do espetáculo, sua duração e o que será servido durante o BanKête?

RIDER – O espetáculo performance tem uma dinâmica processual, ou seja, performers e espectadores vão construindo o bankête, na medida em que há trocas nesse processo de encontro com o outro. Teremos uma partitura fechada, mas, estamos aberto ao acaso que interfere no processo. A duração do espetáculo será de no máximo 60 minutos. Vale salientar que a proposta não é vir ao banquete pensando que irá se “empanturrar” de comida, ao contrário, as experiências serão minimalistas. Serviremos um cardápio que provoque reminiscências involuntárias da infância manauara, como, por exemplo, as broas e cascalhos que são vendidos nas feiras urbanas da cidade. Assim como as madeleines de Proust, que o transportava pelasmemórias da infância…Mas, o menu é bastante delicioso, posso te afirmar.


MIMO – O que a PerformanceK pretende provocar nos seus espectadores/participantes?

RIDER –  O ato ritual de comer em comunhão! Um rito experiência impregnado devisualidades, sons, cheiros, ou seja, sensorialidades e imagético.

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Foto: Divulgação

MIMO- É difícil montar uma performance nesse formato e quem são seus apoiadores?

RIDER – É difícil pela logística. Usamos material orgânico e perecível. Então, a questão alimento é bem delicada. Temos que ter muito cuidado com a qualidade! Até o momento não temos patrocínio oficial. Mas, estamos realizando e propondo às pessoas doações e compra de ingressos. Vale salientar que doação é diferente de caridade. O povo brasileiro sempre olha a doação como algo menor. Não é caridade o que propomos, pois não somos sujeitos em situação de risco socioeconômico. O que queremos é a doação, que terá uma recompensa: quem doar terá seu nome no folder como apoiador cultural, aulas de yoga, improvisação performance, tecido circense e jogos teatrais. Cada valor de doação terá sua recompensa. Pra saber mais informações de como fazer doação ou comprar ingresso pode entrar na nossa página no facebook deixar uma mensagem: https://www.facebook.com/PerformanceK/?fref=ts


MIMO – Para terminar, como você percebe a atual cena artística em Manaus, as relações entre artistas de diferentes vertentes e as perspectivas para o futuro?

RIDER – Vejo arte como política, estética e ética. Então, penso que enquanto categoria é bem fragilizada. Não tem força política. Poucas são as iniciativas de questionamentos e reflexões sobre a inexistência de políticas públicas para as artes e cultura local. Não se pode dizer que o que a Fundação Manauscult e a Secretaria de Cultura do Amazonas  fazem são políticas culturais. Pra mim são ações somente pontuais impermanentes, não há continuidade. Por exemplo, a Mostra de Artes Visuais, onde mostrei o Bankête, nunca mais foi realizada. Editais a SEC desde 2013/14 que não lança. O que acho positivo é que, nos últimos dois anos, algumas iniciativas de alguns artistas são autônomas, como espaços de arte, que faz muito mais do que as iniciativas institucionalizadas. Isso é importante pra nossas existências arte e visibilidade. Mas, sinto muita falta de processos artísticos contínuos. O que percebo é que realizam obras cênicas de forma tão rápida. Não sei…desconfio dessa velocidade. Sou mais pelo processo do que pelo produto. Arte como linguagem precisa de processo, maturação, problematização contínua. Falo isso porque esse modus operandi reflete na posição política, ética e estética de uma categoria. Precisa de tempo pra digestão e reflexão! Em relação ao futuro…Melhor não me aprofundar, pois, vivo no presente e as incertezas atuais são desafiadoras e são elas que nos movem!


Serviço

Espetáculo: BankêtePerformátikoAmazôniko

Criação/performance: Francisco Rider, Diego Gama, Leonardo Scantbelruy, Tainá Lima, Antônio Soares, Christianne Santos

Local: DaVárzea das Artes | Rua B, casa 02, conjunto Jardim Yolanda, Parque 10.

Datas: 15 e 29 de abril | 13 e 27 de maio

Hora: 17:30

Entrada: R$ 50,00 (inteira) R$ 25,00 (meia/estudante)

Contato: facebook.com/Performancek

 

 

Coluna: As Mimosas

31 mar

Red Carpet da novela “A Força do Querer”

Por As Mimosas***

Na próxima semana estreia a novela das 21horas “A Forca do Querer” da Glória Peres, inclusive esse folhetim marca a estratégia da Globo em tentar recuperar a fidelidade dos telespectadores que, ao longo dos anos, foi se diluindo entre os diversos canais da Tv por assinatura e a internet. O que rola a boca miúda é que intencionalmente a emissora escalou três autores de peso – Glórinha, maravilhóoooosa! Walcyr Carrasco, aquele do Félix! E Agnaldo Silva, AMO! -para escrever as próximas novelas e assim garantir audiência frente à televisão e repercussão nas redes sociais.

Looks-da-festa-de-lançamento-da-novela-A-Força-do-Querer-2017

Mas voltando ao babado, Força do querer, já nos deixa felizes porque vai falar do norte do Brasil, a autora acostumada a retratar histórias da Índia, Marrocos, Turquia, dessa vez resolveu falar do imaginário amazônico. Curioso é que lendo algumas notas sobre a novela a gente descobriu que a protagonista, Isis Valverde, é filha do boto. Até aí, ok! Existe a lenda do boto e a Glória Peres como boa amazônida/acriana que é conhece a história. Mas daí ficamos completamente encucadas, tipo numa vibe “xeroque rolmes” de como vai ser essa transformação de filha do boto para sereia? WTF? Boto> Sereia? Gente, se a história for essa mesmo É GOOOLPE!!! Diretas Já!!! Sim,  porque a roupa usada pela personagem da Isis Valverde tem influência do sereismo ou do BOTISMO.

Enfim, enquanto essa polêmica não desenrola vamos falar do look do elenco da novela, o red carpet do lançamento do folhetim “Força do Querer”….Pega tua saia rodada, a sandalinha de dedo babadeira, a tua cuia de tacacá e vem com a gente.

Paolla Oliveira foi vestida de Dolce & Gabanna e cabelo loiro Malibu. Adoramos o cabelão, mas o vestido preto rendado e com florzinhas bordadas é muito 2013. E essa cara minha gente? Parece que tava com dor de barriga em todas as fotos, eu hein! A gargantilha tá ótima também.

paolla oliveira nao tava afim dor de barriga

Bruna Linzmeyer foi com um vestido conhecidíssimo, o famoso: tava-sussa-na-praia-e-lembrei-do-compromisso-vesti-um-preto-básico-e-fui.

bruna Linzmeyer

Debora Falabella – só lembro dela como Nina – foi na mesma vibe da colega Bruna. Pegou uma camisola preta e pra disfarçar colocou um espanador no busto e na lateral. Ainda dizem que não tem crise no país.

debora falabella

Totia Meireles – Amamos! Mas gente que isso? Já olhamos, reolhamos, vimos de novo e não entendemos esse vestido, inclusive foi a roupa mais polêmica da noite, também pudera né, parece que a intenção era fazer cosplay de saco de lixo. Sem falar que é outro preto, essa história de “na dúvida vai de preto” não rolou nessa festa e já repararam 3º vestido preto. Ou estamos num velório ou todo mundo estava com medo de errar.

totia meireles nao rolou

Juliana Paes foi com um vestido Balmain, uns dizem que é nude, mas não sem enganem amores, isso se chama marrom terroso e as inimigas chamam de marrom-diarréico, enfim amamos esse cabelão, lindo, volumoso – o melhor da festa!

ju paes com cores terrosas

Lua Blanco foi de Hippie Chic com cabelo de sereia, gostamos do vestido floral com odecote maravilhoso e sensual, entretanto num serve para um red carpet né, cadê o glamour, minha gente?

luan blanco

Rodrigo Lombardi, só pegavamos quando ele era o Raj, tá elegante com essa camisa social vermelho-açaí e calça preta. Pecou nos acessórios, relógio, sapato e cinto simpléeeeerrimos, não arriscou neh!

rodrigo lombardi

Marcos Pigossi, usou a toalha de mesa da vovó que ficou legal, mas a tendência do look é a calça cropped masculina, que é a barra mais curta deixando os tornozelos a mostra.

marco pigosi bruno astuto depois da cirurgia

Vendo essa foto quem vocês acham que está urgentemente precisando de um personal stylist ?

edson celulari e o outro ator

Agora vamos para as mais bem vestidas da noite. Começando pela Isis Valverde – a filha do boto/Sereia, tão enxergando a cara da ambição e do poder?. O vestido branco-gelo cintilante é meio “cortina da sala de casa”, mas achamos tão gracioso na atriz, leve, longo, plissado e com transparência. Isis parece que adorou a cultura amazônica e está viciada em açaí, que pistas temos disso? Olhem a boca.

branco cintilante

Juliana Paiva disse que a escolha do vestido foi uma homanagem pro mst, cabanos, petistas, comunistas, russos e os torcedores do Garantido. Mentira, mas esse vestido ficou sensacional, essa ousou e acertou na noite. Um vestido todo coberto como uma dama do lar, mas com uma fenda bafônica pra arrasar na balada. As inimigas vão dizer que esse vestido é cópia e que todo santo dia usamos ele no whats app.

ju paiva e emoji

Agora a mais bem vestida da noite, a melhor, a dona da festa toda, foi Betty Faria. Olha só esse terno de alfaiateria chiquérrimo, com acessórios masculinos que não tiraram a feminilidade da atriz, realmente a maturidade dá muita sabedoria pra nós, reparem na diferença do conceito de “pretinho básico” pra Betty e para as demais atrizes. É outro nível, Vem cá Betty, vem cá Tieta, samba mais samba mais nessa sociedade cada vez mais Perpetuazista.

betty faria muito...all black de alfaiataria

***A coluna “As Mimosas” é uma criação coletiva de ficção, inspirada em fatos do cotidiano, com intuito de usar o humor para provocar reflexões sobre as contradições, preconceitos, inter-relações e interdependências do ecossistêmico mundo da moda.

ENSAIOS ECOPOIÉTICOS

28 mar

(In)visíveis manauaras

                                Por Rafael Lopes
frases_inteligencia_invisivel

A velha índia ia lentamente pelo asfalto

No meio da rua, contra o tráfego.

O barulho dos automóveis não a dispersava,

A luz dos faróis não a ofuscava.

Seguia em direção ao rio,

Pela grande avenida,

Despercebida pela multidão que apinhava as paradas de ônibus.

(Só eu a notara?)

 

Balbuciava uma canção

E segurava firme uma flor

Junto ao peito.

O outro braço pendia alinhado ao corpo magro,

Coberto de poucos panos rasgados.

 

Fiquei absorto com a cena, com o lamento daquela voz.

Quem era aquela mulher? (Todos nós?)

Qual o significado da cantilena? (Tudo e nada!)

Para onde seguia? (Pra qualquer lugar…)

Quem encontraria? (Ninguém.)

 

Entorpecido, passei a acompanhá-la discretamente,

Tentando não me fazer notar, por alguns quarteirões.

Queria ouvir mais do seu som ancestral.

Mágico.

Tive vontade de pará-la. Falar com ela.

Mas, faltou-me coragem de entrar em contato. (Quanta limitação)

 

De repente, a pressa da vida compromissada

Apitou sua vibrante chamada.

Aumentei meu passo e segui em frente, me distanciei.

A voz, o som do canto foi se afastando

E outros ruídos da cidade grande logo se mixaram à atmosfera noturna.

 

Ainda olhei pra trás.

A velha índia continuava em seu transeunte-transe-transcendente…

Lentamente, seu “corpoalma” desaparecia na ausência de afetos,

No espaço concretizado pela geometria irregular de prédios,

Na natureza perdida, nas vozes silenciadas…

LINGUAGENS E EXPRESSÕES

25 mar

Cinema amazonense:  às margens ou no centro de outro contexto audiovisual?

Por Rafael Lopes

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Aos poucos a produção audiovisual amazonense começa a evidenciar sua potencialidade, ao transcender as abordagens espetacularizadas sobre a Amazônia, trazendo novas formas e cores para o mosaico cinematográfico brasileiro contemporâneo. O ritmo de produção ainda não tem a regularidade ou o “reconhecimento” de outras cinematografias regionais (que quebram o padrão de Hollywood ou da Globo Filmes), como o cinema pernambucano ou o gaúcho. A questão econômica e as alternativas para viabilização do projetos também é complicada. Mas, os realizadores locais têm se articulado em busca de estratégias para estimular a produção de filmes de ficção, documentários, experimentais e de animação.

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Entre os indícios dessa efervescência estão o aumento das produções locais e dos festivas e mostras alternativas na região. Além disso, o Amazonas também foi o estado que mais aprovou projetos no último edital do Prodav, Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro, da Ancine, para a produção de filmes e séries para TVs públicas. Em 2016, a II Mostra do Cinema Amazonense confirmou a diversidade criativa que permeia os novos realizadores. O evento que tem por objetivo divulgar filmes regionais (no intuito de mobilizar os realizadores locais, estimular novas produções e formar plateia), exibiu 25 filmes de diferentes gêneros e formatos. Nos quatro dias da mostra, além da exibição de filmes, foram realizados debates, palestras e oficinas, proporcionando o intercâmbio entre artistas e comunidade, bem como a discussão de aspectos estéticos, de linguagem, e alternativas para a produção, distribuição e exibição da produção local.

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Para muitos pesquisadores da cena cultural a trajetória do cinema tradicional sempre acompanhou os interesses das elites e da expansão capitalista, impondo à sociedade um processo de dominação cultural, ideológica e estética, engendrado num lucrativo sistema de produção, distribuição e exibição. Entretanto, movimentos como o Neorrealismo, o Cinema Novo, o Dogma 95, entre outros, apresentaram inúmeras possibilidades criativas em oposição ao sistema cinematográfico dominante, seja na forma de produção, nas temáticas, na linguagem, na relação com o público e nas alternativas de circulação.

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Isto aponta que para compreendermos um fenômeno dessa natureza não podemos nos limitar à perspectiva de que o cinema é só alienação, manipulação e mercadoria. É também uma forma de expressão, reflexão, poesia visual, crítica político-social e outras possibilidades. A sociedade e a cultura se transformam ininterruptamente, por isso, o cinema não pode ser analisado por um ponto de vista determinista.

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Outro fato importante é que a partir da facilidade de acesso aos equipamentos digitais, da plasticidade da internet e de suas articulações no ciberespaço foi possível misturar formatos textuais, sonoros e visuais, derrubando fronteiras entre o escrito, o sonoro e o imagético; o amador e o profissional; as necessidades cotidianas e a fruição da obra de arte; o sistema mercadológico e o engajamento social; o real e o virtual. Tudo está interconectado na sociedade cibercultural, permitindo que praticamente qualquer pessoa se torne (potencialmente) um produtor, editor, apresentador e difusor das próprias criações, quebrando a hegemonia dos grandes grupos de comunicação, a exemplo da “geração Youtubers”.

Nesse sentido, o cinema produzido no Amazonas nos últimos anos tem começado a superar a ideia de amadorismo ou de um cinema periférico de bordas. Pois, busca sua identidade criativa tendo a consciência de limitações técnicas, financeiras e de infraestrutura, mas não pretende ser subjugado por diferenças que tendem a invisibilizar produções paralelas à lógica dominante da indústria cinematográfica mundial ou do eixo Rio-SP.

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Nota-se que os filmes contemporâneos gravados na zona urbana de Manaus e também no interior do Amazonas, com diversas abordagens, apontam para uma renovação sobre a representação audiovisual da região amazônica, frequentemente associada a histórias exóticas e a personagens estereotipadas. A nova safra de cineastas amazonenses expõe temáticas que tratam de violência sexual, lendas, conflitos adolescentes, sensações corporais entre o real e o imaginário, memórias de família, crimes passionais, a emoção do futebol, além de uma miscelânea de críticas sociais. São assuntos universais, mas que ganham singularidades a partir do ponto de vista e do lugar de fala de quem narra essas histórias, das visualidades que revelam ambientes característicos da urbanidade amazônica e seus interiores, da relação do homem com a natureza e das intervenções ecossistêmicas nas transformações dos espaços e dos processos socioculturais.

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Assim, ao recusar o estigma de estar à margem da arte ou na periferia sociocultural, sugerimos a ideia de que é uma filmografia que emerge no centro de um outro contexto audiovisual. Filmes como o longa de ficção Antes o tempo não acabava (Sérgio Andrade, 2016), que representou o Brasil na Mostra Panorama do Festival de Berlim, e o documentário Parente (Aldemar Matias, 2011), premiado no 8˚ Amazonas Film Festival, fogem aos estereótipos e clichês culturais, normalmente associados à representação da Amazônia. Revelam outros universos simbólicos, valorizam outros modos de ver a vida e a natureza, dando voz e autonomia a grupos que são praticamente ignorados pelo sistema dominante.

Outros realizadores locais também tem se destacado em festivais de curtas brasileiros, como Cristiane Garcia (Nas asas do condor, 2007), Zeudi Souza (Vivaldão: o colosso do Norte, 2011), Dheik Praia (Rota de Ilusão, 2012), Francis Madson (Jardim dos Percevejos, 2014), Moacy Freitas (Se não…, 2015), Luiz Carlos Marins (Loucussão, 2015), Keila Serruya (A rua na dança: o corpo urbano, 2015) e Rafael Ramos (Aquela estrada, 2016). Alguns desses projetos foram realizados em parceria com coletivos artísticos, a exemplo do Artrupe, Difusão e Picolé da Massa, que ao integrarem artistas de diferentes vertentes (música, literatura, artes plásticas, dança, teatro, cinema), tornam-se laboratórios para experimentações, colocado em prática projetos colaborativos. É importante ressaltar que realizadores como Zé Leão, Chicão Fill e Izis Negreiros também têm contribuído na produção e difusão de filmes amazonenses.

Resgatando o pensamento do jornalista Narciso Lobo, o cinema no Amazonas é caracterizado pela “tônica da descontinuidade”. Em alguns momentos históricos foi mais marcante, como no final do Ciclo da Borracha ou durante o Movimento Cineclubista de Manaus, na década de 1960. Essa inconstância também é percebida nos festivais de cinema promovidos desde 1969 na capital amazonense. A pesquisadora Graciene Siqueira, em sua dissertação de mestrado Cinema digital em Manaus, defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da UFAM, destaca que na última década o crescimento dos eventos de cinema na região pode ter servido como impulso e vitrine para a nova geração de realizadores, mas o diálogo com o público ainda é distante, pois nem mesmo a população local tem o hábito de assistir aos filmes produzidos na região. Também salienta que a falta de políticas públicas para o audiovisual, as deficiências na qualificação profissional e formação de plateia são entraves que prejudicam o desenvolvimento da produção cinematográfica no Amazonas.

Desde 2006, o NAVI (Núcleo de Antropologia Visual da UFAM), coordenado pela antropóloga Selda Vale da Costa (curadora da Mostra Amazônica do Filme Etnográfico), desenvolve pesquisas e promove debates acerca da representação audiovisual da Amazônia. Os pesquisadores do grupo já publicaram livros e artigos nos quais remontam um painel desde os primeiros registros cinematográficos na região, pelas companhias exibidoras estrangeiras, passando pelo trabalho de pioneiros, como Silvino Santos, até as narrativas contemporâneas. Integrantes do núcleo, como Gustavo Soranz, Fernanda Bizarria, Sávio Stoco, Antônio José Costa e Bruno Vilella, têm se debruçado em diferentes linhas investigativas sobre o cinema na Amazônia, explorando temáticas históricas, sociológicas, etnográficas, estéticas, com intuito de analisar questões artísticas, socioculturais, antropológicas e comunicacionais.

Portanto, o cinema contemporâneo amazonense simboliza a emergência de novas visualidades (como reivindicam muitas outras pelo mundo afora), sem que seja necessário justificar sua suposta “inferioridade” comparada ao mainstream ou aos circuitos do cinema de arte, pois se situa em meio a outra realidade histórica, social, cultural e ambiental. Portanto, tem outra lógica de percepção e produção. Não está às margens, mas no centro de outro contexto.

 

Mimo Ciência

22 mar

Estudar Redes Sociais…

Por Adriano Rodrigues

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A dinâmica das redes sociais gera muitos trabalhos na academia que explicam os fluxos comunicacionais a partir de interconexão de pessoas em torno de um objetivo comum, formando as conhecidas redes sociais (aquelas que mantém a gente preso num outro mundo, tipo Caverna do Dragão, sabe? Prende a gente…). Geralmente, como exemplo, os pesquisadores lembram das manifestações da Primavera Árabe, das eleições vencidas por Barack Obama, das manifestações de 2013 ocorridas no Brasil e do fenômeno “onda verde” da Marina Silva, nas eleições de 2010. Quando queremos algum exemplo mais local, algo mais baré se torna um desafio estudar esses fenômenos, eles existem (juro!), só que estamos tão acostumados com o ritmo frenético do dia a dia que não nos damos conta dessas singularidades, nem os impactos dessas redes na vida humana, muito menos à vida em sociedade.

Do ponto de vista da comunicação, as redes sociais trouxeram significativas mudanças à sociedade, alterando entendimentos relacionados até do tempo e espaço. Afinal, é possível se comunicar com qualquer pessoa do planeta, a qualquer hora desde que os interessados estejam conectados à internet, confirmando o pensamento que estamos numa grande teia, emaranhados, interligados. Isso me faz lembrar os estudos do prof Fritjof Capra, no livro Teia da Vida, que sugere estarmos todos conectados, entrelaçados formando um ecossistema que permite todos os eventos cíclicos da vida. “Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas, ligadas umas às outras numa rede de interdependência.”. São linguagens, experiências sensoriais, novas identidades formadas a partir de trocas simbólicas entrelaçadas em rede. A sociedade em rede também é estudada por Pierri Lévy com o nome de “cibercultura”, que seria o novo espaço de interações propiciado pela realidade virtual, a partir dos avanços tecnológicos da informática.( mas isso é conversa para outro post!).

A popularização dos sites de redes sociais como facebook e twitter e a interação possível diante da facilidade de publicação nesses ambientes possibilita perceber que as relações surgidas por meio da interatividade são resultados troca de pensamentos convergentes que se alinham em torno de um assunto comum, com referenciais identitários que auxiliam no desempenho de papéis sociais nesses ambientes, como percebemos no livro Interações em rede, organizado pelo pesquisador Alex Primo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No mercado, as redes sociais tornaram-se uma mina de ouro, empresas pagam e investem em monitoramento das redes para conhecer mais sobre clientes em potencial, as demandas de mercado, a receptividade ou rejeição de algum produto, enfim uma gama de informações que são disponíveis por usuários na internet.

O site Statista divulgou em janeiro de 2017, que a rede social mais utliizada no mundo é o Facebook com mais um de 1 bilhão (isso mesmo um bilhão!) de usuários, bem a frente do What´s app e o messenger do Facebook. As informações completas podem ser acessadas nesse link aqui , por isso não é de se estranhar o interesse do mercado por parte desse ambiente virtual rico em informação. É aquela máxima “informação é conhecimento e conhecimento é poder” (uui!).

Daí, um dia eu bubuiando pelo Facebook (olha aí!) encontro esse título “Após universitários fazerem ‘vaquinha’, Wanderley Andrade fará show em Manaus”. festa.gifRapidamente dei um click e fui ler a matéria: nada interessante! Falava mais do show em si do que o processo para conseguir trazer o cantor de volta à cidade. Visito outro site e nada. Em outro, a matéria so mudava a disposição dos parágrafos, sem novidade alguma. Resumindo, os portais que noticiaram o show focaram na vinda do cantor, mesmo que os títulos falassem nessa tal “vaquinha” feita através das redes sociais na internet.
Então, através do facebook (aquele lance das informações, que falei acima) encontrei o contato de um dos organizadores da festa, que também é presidente do diretório acadêmico da Escola Normal Supeior (ENS – UEA), André Henrique, ele me explicou que todo ano é feita uma festa de recepção para os calouros e que a intenção era trazer o cantor, Wanderley Andrade, por ser uma unanimidade entre os estudantes (confesso que também sou fã) e também seria uma forma de homenagear a cultura feita na região amazônica. Então foi criado a hashtag #euquerowanderleyandradenaens. Rapidamente, a hashtag se espalhou entre os alunos e assim o diretório acadêmico foi pesquisar os custos para trazer o cantor. Para tristeza dos alunos, o dinheiro disponível no diretório não cobria as despesas do show. Qual a solução? Reunir o maior número de estudantes e juntar dinheiro, a famosa vaquinha.ens wand

Nessa movimentação toda e com a hastag conquistando cada vez mais visibilidade nas ensredes sociais, uma empresa de festa de formatura comprou o show e ofereceu aos alunos. A partir da mobilização no facebook os alunos conseguiram o show do Wanderley Andrade e a empresa conseguiu diversificar o empreendimento.  A festa vai acontencer no dia 24 de março como parte das comemorações de Boas-Vindas aos calouros da Uea, mas é aberto ao público em geral. Mais informações aqui. (ahhhh lembrando aqui, nem rolou vaquinha as matérias publicadas só vendiam o show mesmo!!!Isso desenrola outro post hein!!!).

Outro exemplo do bom uso das redes sociais, para alavancar negócios, aconteceu com a assistente social, Hellen Souza, curiosa ela queria aprender a encapar cadernos com tecidos de maneira artesanal. A príncipio ela errou bastante, procurou ajuda de uma amiga que vendia o produto e mesmo assim encontrava dificuldade para executar o trabalho, então ela encontrou aulas online no Youtube e continuou treinando mas com ajuda dos tutoriais do site. Quando acertou a primeira vez deu de presente para tias, amigas e pessoas próximas “Depois de um tempo as pessoas me ligavam pedindo foto dos cadernos, perguntavam se eu fazia agenda com o mesmo formato e sempre pediam foto”, conta Hellen que encontrou no instagram o suporte necessário para suprir os pedidos de foto. A partir do Insta, a empresária foi encontrando pessoas que trabalhavam com produtos artesanais, foi participando de feiras e eventos e assim criando uma rede artesãos “sempre que eu posto uma foto no instagram, eu movimento as vendas, então eu invisto nas redes porque eu ganho com isso, criei um marca e estudei fotografia para melhorar a visibilidade do empreendimento”, revela.

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Um ano depois, Hellen largou o emprego e abriu uma loja no centro da cidade à pedido dos clientes “virtuais” que queriam tocar, pegar, ver os produtos confeccionados por ela. Aspectos como a inteligência coletiva do Pierri Lèvy ou a Sociedade em Rede do Manuel Castells ja apontam estudos voltados para essa cultura imagética, integrada e em rede que vivemos na atualidade, porém, a barreira de tocar, do “ver com as mãos” as redes sociais nem os pesquisadores conseguiram derrubar, quem sabe num futuro próximo. Os produtos e a loja da Hellen você pode conhecer aqui.

 

 

Discussões em Grupo

21 mar

 

No último encontro do grupo, o assunto discutido veio à tona depois que uma senhora do interior do Amazonas questionou um aluno de pós-graduação sobre a importância de fazer mestrado e doutorado. Na focodiscussão em grupo, o assunto tomou vários direcionamentos, entre eles a participação da ciência para ajudar no desenvolvimento da região, sem deixar de considerar os aspectos sociais e saberes tradicionais de comunidades que vivem na Amazônia. Os argumentos serviram para refletirmos como é importante reconhecermos o perfil de cientistas que desejamos ser e que modelo de cientistas as universidades estão preparando. Para enriquecer o debate recorremos a uma publicação do site da Capes (inclusive descobrimos a razão do nome Plataforma Sucupira) que explica o que é um mestrado e doutorado acadêmico.

Para o encontro desta terca-feira(21), o grupo combinou de discutir o artigo Metalinguagem das Roupas do prof, Gilson Monteiro, além de sinalizar para vários autores que pesquisaram moda como objeto de estudo, o texto faz provocativos entrelaçamentos para pesquisadores, alunos e de demais interessados em conhecer e pesquisar sobre moda e comunicação. O encontro vai acontecer no miniauditório da reitoria, a partir das 17horas.