quarta-feira, 31 de agosto de 2011


Circuito de arte

por Lara  Almeida



O Centro de Artes (Caua) promove a Mostra Mixed Messages – Visual Representations (mensagens misturadas – representações visuais).Os trabalhos estão em exposição na galeria do Caua até o dia 7 de setembro, das 9h às 12h e das 14h às 18h.

A Mostra Mixed Messages – visual representations é organizada pelo curador, professor George Rivera (Universidade do Colorado/UEA) e  integra uma rede de exposições de trabalho em pequenos formatos (25cm X 20cm), que circulam no circuito da arte contemporânea.  

São 33 trabalhos de artistas americanos e mexicanos, com técnicas variadas e sobrepostas - fotografias, desenhos, pinturas, referências digitais e  outras abordagens cujo os compactos sugerem um envio estético e simbólico.

Segundo o curador George Rivera, cada artista interpreta a realidade de acordo com seu ponto de vista. “Não há consenso no significado. As semióticas nos lembram o que é o significado pelo significado (o trabalho neste caso) é dependente de interpretações individuais”.

A presença da mostra é um exercício de deslocamento de obras cujo tamanho e formatos se dimensionam numa experiência artística informal, pela agilidade de presenciar pensamento através de mensagens visuais.

A Mostra está em exposição na galeria do Caua (rua Monsenhor Coutinho, 724, Centro.) até o dia 7 de setembro, nos horários das 9h às 12h e  das 14h às 18h.
 
Informações pelo telefone 3305-5150.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Mulheres de gravata!


                                                                                                                                     Por: Karen Leão
As gravatas há muito tempo já não são mais acessório exclusivo dos homens. Mais ou menos na década de 80 as mulheres começaram a se apossar desse item que era usado apenas por eles.
Sinônimo de rebeldia, personalidade ou poder. Não sei, a verdade é que esse acessório antes apenas nos armários masculinos agora faz parte também do universo feminino. Para se ter uma idéia como as gravatas fazem a cabeça das mulheres, a cantora Rihanna já utiliza o acessório há tempos. Uma das vezes foi em 2009 durante o baile do Metropolitan, estava de gravata borboleta, blazer com o volume nos ombros e calça midi. Aliás, já que o assunto é o baile do MET, neste ano - 2011 - quem resolveu encarar a produção masculina foi a editora de moda Anna Dello Russo.
Outras famosas que também aderiram ao uso das gravatinhas, a atriz Ellen Degeneres já incorporou o look e adora fazer uso dos terninhos e gravatas, assim como a cantora Janelle Monae, que está sempre de calça preta, camisa branca, gravata borboleta e uma capa por cima.
E você tem estilo e atitude para usá-las?

quarta-feira, 24 de agosto de 2011


Noivas em expressão
Por Lara Almeida

Descrição: vestido de casamento...

Cor: branco alvissímo (depois que a rainha Vitoria em 1840, na Inglaterra, assim o estabeleceu, pois até então o vestido de noiva utilizado no dia do casamento, era o vestido mais bonito que a moça possuia em seu armário ou baú...)

Modelo: como o de uma verdadeira princesa... (agradecimentos especiais ao senhor Walt Disney)

Sim, a descrição acima pode ser vista como sendo o desejo contido na cabeça de muitas meninas (e porque não mulheres de todas as idades!) que sonham anos a fio até o derradeiro momento em que o amor de sua vida surja como um verdadeiro principe (ok, um cantor famoso, um jogador de futebol, um surfista, um ator de novela, enfim, também serve...) e a peça em casamento.


Quem nunca um dia desejou vestir um deslumbrante vestido branco de noiva?

Pois então, atualmente, os sonhos começam a mudar. Sobretudo em relação as cores e modelos na cabeça de milhões de mulheres...Revolutions times!!

 Com a globalização, e claro as telenovelas, e editoriais de moda passamos a conhecer outras culturas e a perceber que exitem outras cores além do branco!



A mulher do século 21 tem buscado em diversas culturas inspirações para personalizar cada vez mais seus sonhos de crianças! Branca de Neve e Cinderela que se cuidem, pois estamos vivendo uma revolução fashion no mundo das noivas!



Semana passada uma rede de televisão mostrou uma personagem de uma telenovela casando de vermelho. Absolutamente chic e cheia de personalidade.

Parei e refleti, o que isto está nos dizendo de verdade? O que realmente podemos analisar entre linhas? Bem no caso dessa personagem, bem como no caso de muitas outras noivas, observamos uma tendência em que as mulheres buscam cada vez mais expressar seu mundo interior através do vestido de casamento e c&a.

 Imperatriz Sissi

O vestido de casamento da Imperatriz Sissi ainda hoje causa verdadeiro frisson entre os apreciadores de arte e moda! A imperatriz húngaro-austríaca foi um verdadeiro marco na moda do leste europeu, trazendo para as corte tanto húngara quanto a corte austríaca uma verdadeira onda de luxo e requinte!


O branco alvo inspirado em modelos monárquicos, que imperou por mais de dois séculos como sendo o objeto de desejo de milhões de mulheres ao redor do mundo, hoje começa a ceder espaço para outras cores e formas.

Curto, longo, branco, colorido, sóbrio ou bordado, não importa como você decida entrar no altar. O que realmente vale é sentir-se bem com o que você escolheu!

domingo, 21 de agosto de 2011

A moda do tropicalismo!

                                                                                                              
Por: Karen Leão

O movimento que revolucionou a música e a cultura popular brasileira no fim da década de 60, conhecido como tropicalismo ou movimento tropicalista, tinha o objetivo de valorizar o Brasil. Nesse contexto a fauna e a flora brasileiras se destacaram nas artes plásticas e até nas roupas, sapatos, bolsas e acessórios.

E revivendo esse movimento, para o verão 2012 algumas grifes se voltaram para as belezas naturais do nosso país e criaram estampas inspiradas em aves, como araras, tucanos e papagaios, e em nossa flora, como palmeiras e coqueiro. Que tal aderir a essa tendência?

Mas, cuidado! Evite misturar tudo de uma única vez. Usar um acessório aqui com uma camiseta branca ou lisa num outro tom, um vestidinho com estampas de folhagens com uma rasteirinha, opções que ficam bem legais. Bom senso é fundamental!

E viva o tropicalismo na moda!!!


quarta-feira, 17 de agosto de 2011


MIMO.COM e “Dimensões socioculturais da cadeia produtiva da moda”

Por Lara Almeida

Para quem não compareceu ao projeto Ciclo de Palestras MIMO.COM, tenho a grande satisfação de informar que ontem a noite foi EXCELENTE!


Nossa convidada a professora, doutora, Marilene Corrêa palestrou por mais de 1h30 com muita desenvoltura e conhecimento (para dar e vender como diria o povo) o tema "Dimensões sócioculturais da cadeia produtiva da moda".


Foram muitos assuntos abordados, que com certeza, deixaram o público perplexo. Uma nova forma de pensar sobre a moda.

Pode-se observar a análise das vestes e indumentárias dos índios que davam espaço à moda e à diversidade entre diversas tribos (povo muito fashion) munidas de plumas coloridas, grafismo (tatuagem pelo corpo) em corpos esculpidos por músculos definidos, bem como as vestes adaptadas aos “cabocos” ribeirinhos na colonização da região!

A palestrante falou sobre a sociedade de consumo de massa centrada na produção de novas necessidades a partir da Lei da Absolência - na qual os produtos, acessórios e vestuários precisam ser resignificados ciclicamente, buscando a sedução e a diversificação no meio da moda.

Outro ponto relevante da palestra foi a questão da complexa cadeia produtiva da moda que vem sendo desencadeada desde o século 17 e 18 na França e Inglaterra e desde o século 19 no Brasil! O que antes era fortemente voltado ao público masculino passa a vez para o público feminino e atualmente se inicia, talvez, um ciclo de maior equilíbrio entre os dois gêneros!

No Brasil, especificamente, as regiões Sul e Nordeste estão crescendo muito no que se refere à produção de moda. Para quem é amante da produção de moda, o mercado está em franca expansão!

Você já começou a se movimentar para pegar uma fatia desse bolo?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Marilene Corrêa e “Dimensões socioculturais da cadeia produtiva da Moda”

por Cássia M. B. Nascimento


O Projeto Ciclo de Palestras MIMO.COM, organizado pelo Grupo MIMO e realizado no Espaço Thiago de Mello da Saraiva do Manauara Shopping, já se constitui momento alto aos que amam Moda na Amazônia.

Público na 1a palestra

Duas palestras já aconteceram e têm garantido um público apaixonado e fiel ao debate de qualidade sobre moda.

Profa Dra Marilene Corrêa

Nesta terça-feira, a noite será ciceroneada por ninguém menos que Marilene Corrêa, professora adjunta da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e exímia pesquisadora do Departamento de Ciências Sociais, dos Programas Pós-Graduação em Sociologia (Mestrado) e Pós Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia (Mestrado e Doutorado).

Sua experiência está na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia Contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: Amazônia, políticas públicas, teoria sociológica, política científica e desenvolvimento socioeconômico.

A palestra que a professora Marilene Corrêa apresentará às 19h do dia 16 de agosto tem por título “Dimensões socioculturais da cadeia produtiva da Moda”. Com certeza, um tema importantíssimo para todos que fazem, vivem e trabalham a Moda.



Um pouco mais do currículo da professora Marilene Corrêa:

Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Amazonas (1975), mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1989), doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1997) e Pós Doutorado na Université de CAEN (2002), França. Foi Secretária de Estado de Ciência e Tecnologia de 2003 a maio de 2007. No mesmo período foi Vice-presidente regional norte do Fórum Nacional de Secretários de C&TI. Foi Reitora da Universidade Estadual do Amazonas, de 09 de maio 2007 a 31 de março de 2010. É Presidente da AFIRSE Brasileira desde setembro de 2007. Membro do Conselho Científico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá do MCT desde 2003 sendo reconduzida por novo mandato até 2012. Membro do Comitê Nacional do Programa de Iniciação Científica PIBIC/CNPq de agosto de 2007 a fevereiro de 2008. Em 16 de março de 2008 foi empossada no Conselho Científico de Assessoramento para Assuntos Internacionais ao Ministro de Ciência e Tecnologia. Em 20 de novembro de 2009 foi nomeada como membro titular do Fundo Nacional do Meio Ambiente como representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência sendo empossada no dia 10 de dezembro de 2009. 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

3a Palestra MIMO.COM, agende!

Tribos da moda

Por Lara Almeida

Acho engraçado como a palavra tribo e todo contexto que ela envolve, ainda hoje, tem uma enorme importância para a sociedade humana, porém muitas vezes ela é mal compreendida!

Do ponto de vista histórico uma tribo seria uma formação social, considerada por estudiosos da antiguidade como sendo algo primitivo. Muitas pessoas usam o termo para referir-se a sociedades aborígenes, indígenas e outras sociedades que existem na África e na Ásia.

Refletindo um pouco sobre esse tema comecei a me questionar: “Tribos são sinônimo de primitivismo? E quanto as tribos urbanas que vêm se manifestando cada vez mais nas ruas da sociedade moderna, elas também são primitivas?

Quer dizer então que se me identifico e escolho fazer parte de um grupo que vive sobre certas regras, códigos de vestuários e códigos de conduta, diferentes das tribos majoritárias (por exemplo, a tribo das patricinhas, a tribo dos surfistas, a tribo do nerds, a tribo dos executivos milionários, e etc.) eu seria considerada primitiva?


Bem do ponto de vista de vários conquistadores e historiadores isso seria verdade!!!

Vestimentas e comportamentos que não eram iguais aos da sociedade vigente da época eram considerados inferiores e primitivos. Nosso povo indígena não passava, na percepção do homem branco, de um povo primitivo, e com costumes e vestimentas rudes e/ou bárbaras.

Será que não está na hora de começarmos a rever nossos conceitos?


Hoje em dia vemos cada vez mais novas tribos surgindo - as tribos urbanas - que se destacam, justamente, por optarem por serem diferentes. Essas tribos vêm se expressando através da moda.


Acho muito legal quando as pessoas buscam na moda e nas artes expressarem novas ideias e ideais através dela.


A moda é assim mesmo: feita de pessoas que carregam consigo um mundo interior repleto de idéias e fantasias!!!

A moda contagia e abriga sem preconceitos todos os tipos de tribos...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

SER CHIQUE SEMPRE 
por Lara Almeida
Ontem recebi um e-mail muito legal...
Estamos cada dia mais preocupados com a nossa aparência, enquanto que, muitas vezes, deixamos de lado a nossa educação, o respeito e a espiritualidade...
Então só para dar uma refrescada nos bons costumes, segue abaixo algumas dicas, MUITO INTERESSANTES, de Glória Kalil - referência em moda no Brasil!

 
GLÓRIA KALIL


Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje.
 A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.
Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet “recheado” de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro Italiano.
 O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.



Chique mesmo é ser discreto.


Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.

Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
 Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.

É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.

Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador.
É lembrar-se do aniversário dos amigos.

Chique mesmo é não se exceder jamais!
Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.

Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.

É "desligar o radar", "o telefone", quando estiver sentado à mesa do restaurante, prestar verdadeira atenção a sua companhia.

Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.

Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!

Chique do chique é não se iludir com "trocentas" plásticas do físico... quando se pretende corrigir o caráter: não há plástica que salve grosseria, incompetência, mentira, fraude, agressão, intolerância, ateísmo...falsidade.

Mas, para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos terminar da mesma maneira, mortos sem levar nada material deste mundo.

Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não
aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem, que não seja correta.

Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!

Porque, no final das contas, chique mesmo é Crer em Deus!

Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... Mas, Amor e Fé nos tornam humanos!

GLÓRIA KALIL

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Carlos Drummond de Andrade e o "Caso do vestido"

  por Cássia M. B. Nascimento

             Lendo neste fim de semana, deparei-me com esse belo caso de amor e traição, revelado por uma mãe às filhas, a partir de um vestido. O vestido ao prego é o motivo para uma conversa na qual a mãe conta sobre um caso passado do marido. A palavra caso do título ganha duplo sentido no poema que se constrói pelas falas da mãe, das filhas e da suposta amásia.
            Trata-se de uma primorosa composição poética de Carlos Drummond de Andrade, na qual o poeta revela o comportamento tradicional e submisso das dores da mulher brasileira traída, mas que mantém seu marido, ou, se assim o leitor preferir, seu amor. Uma clássica tragédia doméstica em versos populares.

            Transcrevo aqui o poema, que esboça quanto um vestido pode ser revelador!



 
Caso do vestido

Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?

Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.

Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,

se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou.

Chorou no prato de carne,
bebeu, gritou, me bateu,

me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,

mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou,

dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro,

beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,

me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,

que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio. Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,

só para lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.

Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda,
de colo mui devassado,

mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.

Saí pensando na morte,
mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio,

visitei vossos parentes,
não comia, não falava,

tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.

Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,

perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,

minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,

minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.

Vosso pai sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.

Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,

pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,

que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido,

última peça de luxo
que guardei como lembrança

daquele dia de cobra,
da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado
confessou que só gostava

de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,

fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,

me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,

me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,

bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,

dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito

de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.

Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?

quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?

quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?

Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.

Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada

vosso pai aparecia.
Olhou para mim em silêncio,

mal reparou no vestido
e disse apenas: Mulher,

põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,

comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,

comia meio de lado
e nem estava mais velho.

O barulho da comida
na boca, me acalentava,

me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.

Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.


Carlos Drummond de Andrade
In A Rosa do Povo
Ed. José Olympio, 1945
© Graña Drummond

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Curso de Desenho de Moda e Desenvolvimento de coleção forma primeira turma

Por Karen Leão

Nesta sexta-feira (5) acontece o desfile de encerramento do curso de Desenho de Moda e Desenvolvimento de coleção da Faculdade Martha Falcão.
O curso, que aconteceu pela primeira vez na faculdade, contou com a participação de 13 alunos e teve como instrutora a designer Emone Peccini.
“Cada aluno desenvolveu uma coleção com 15 modelos e nesta sexta-feira, pra fechar com chave de ouro, irão apresentar apenas um modelo na passarela. É muito legal ver o resultado desses três meses de trabalho”, disse Emone.
O desfile começa às 19h, no auditório da Faculdade Martha Falcão (Rua Natal, 350 – Adrianópolis). Quem tiver interesse em assistir ao desfile entre em contato pelo e-mail: emonepeccini@gmail.com ou (92) 8153-6948.
Imagens: Croquis de Bruno Diogo e Pri Oliveira

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

MODA PIN UP

Por Lara Almeida

            Para os adolescentes do século XXI, as ilustrações a seguir não passam de meninas vestidas em meras posições provocativas... ou será o contrário??!!


O que vemos na fotografia acima se trata, na verdade, de ilustrações muito ousadas de um movimento que surgiu na década de 40 e avançou pela década de 50. 
Estou me referindo às famosas beldades PIN UP´S. Eram verdadeiras musas, ousadíssimas para os padrões da época, que representavam a versão idealizada de uma mulher atraente. Poderia se dizer que eram as modelos da revista Playboy dos dias de hoje!




O termo surgiu pois as fotos eram ilustradas frequentemente em calendários, e estes eram pendurados (em inglês, pin-up) em diversos locais, desde mecânicas até alojamentos militares, permeando o sonho de milhares de jovens americanos! 
As pin-up´s causaram muito furor entre os jovens e diversas dores de cabeças às conservadoras donas de casa da época.
O tempo passou e as pin-ups ficaram latentes na memória da sociedade. Eis que, nos últimos dez anos, re-surge (na Moda tudo se re-inveta!) um novo movimento de pin-up´s, inspirado nessas mulheres, que hoje seriam nossas avós! E, por incrível que pareça, o atual movimento tem nos mostrado mulheres sensuais, atraentes, sem ter que cair na nudez e na vulgaridade em que muitas vêm se expondo nos últimos anos.

Estilos clássicos reinterpretados pela moda do século XXI.

O glamour da marca Louis Vuitton, resgatando um estilo de época.

Pois bem, mimosos leitores, mais uma vez, vemos como a moda é uma constante interação entre passado e presente e quiçá futuro.
 
             O que importa é que podemos ousar e quebrar paradigmas resgatando o que outrora fora uma possível controvérsia... Você alguma vez já experimentou fazer algo assim?!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A MODA DE CORDEL ENCANTADO

por Cássia M. B. Nascimento


Sempre fui apaixonada por Cordel, uma literatura riquíssima, nascida no Nordeste brasileiro numa época quando a imprensa era proibida na colônia e toda transmissão era estritamente oral. A Literatura de Cordel é o casamento da tradição oral à tipografia, da cultura europeia medieval às lutas do sertanejo.

A Rede Globo, para encanto dos noveleiros, e até dos nem tanto, elabora com detalhes o belíssimo Cordel Encantado.

O conto de fadas de Brogodó, na verdade Canindé do São Francisco, em Sergipe, e Olho d’Água do Casado, em Alagoas, onde foram gravadas as primeiras cenas da novela, mostram como vivemos em um país incrivelmente lindo e desconhecido pelo seu próprio povo.

E além da beleza da locação, do enredo, do elenco, o figurino tem sido, a cada cena, um encantamento a parte.
Para manter o conto de fadas, a emissora garantiu looks artesanais e bordados à mão, criados pelas figurinistas Marie Salles e Karla Monteiro, todos feitos na Central Globo de Produção com a ajuda de um grupo de costureiras, rendeiras nordestinas, artesões e um designer de chapéus.

Do glamour cotidiano da Duquesa Úrsula:

Da brejeirice de Açucena:




Dos couros e da força dos cangaceiros:




Neste link, depoimento de Bianca Bin sobre seu figurino:
http://cordelencantado.globo.com/Bastidores/noticia/2011/05/estou-apaixonada-diz-bianca-bin-sobre-o-figurino-de-acucena.html

E muito mais!

Fique ligado hoje, amanhã, depois... a moda de Cordel Encantado é sempre um deleite para os olhos!